quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


EDUCAÇÃO E SUAS RELAÇÕES =
IDEOLOGIA, EMANCIPAÇÃO E ALIENAÇÃO.       
         
           As relações da Educação com a Ideologia são intrínsecas entre si, que a expressão “A educação é uma prática ideológica”, costuma ser largamente utilizada. Ideologia origina-se das palavras gregas Eidos (ideia) e Logos (discurso, estudo), sendo pois, o estudo das ideias, no sentido de “ciência da gênese das ideias”(TRACY, 1801). Mas, um segundo sentido de ideologia, o de “ideia falsa” ou “ilusão”, foi utilizado por Napoleão Bonaparte num discurso perante o Conselho de Estado, em 1812. Já no livro A Ideologia Alemã (1846), Karl Marx, se referiu à ideologia como um sistema elaborado de representações e de ideias que correspondem à forma de consciência que os homens têm em determinada época.
          Severino (1986, p. 29-31), aponta algumas características da ideologia: ela é processo “epistemológico e axiológico”, de “dissimulação e ocultamento”, pois ela “envolve relações de poder – inconsciente e coletivo”. Sob esta ótica, as relações entre a Educação e a Ideologia são pertinentes e recorrentes, pois como atividade cultural, a educação aproxima, e como ideologia, separa.
          Mas pode o educador abolir e eliminar o caráter ideológico da educação? Não. Pois a Ideologia manifesta-se na escola e também nos processos educacionais de diversas maneiras. E desta forma, a escola não pode ser imunizada contra a ideologia.
          Mas é fato que a Ideologia ainda por cima, provoca a alienação do homem. Este, uma vez contaminado pela Ideologia, não consegue assumir a atitude reflexiva, crítica, não se torna o educador de si mesmo e permanece objeto de manipulação daquele que detém o poder. Dessa forma, o homem aliena-se, torna-se subordinado aos interesses de outrem.
          A informação de um modo geral, e o aprendizado, de forma mais específica, pressupõem a alienação e estão impregnados dos signos ideológicos, pois têm como objetivo, moldar o indivíduo à imagem e semelhança das ideias que contribuem para a perpetuação das classes dominantes. E neste caso, só a Filosofia, em razão da sua natureza crítica e reflexiva, configura-se assim, como um discurso contraideológico a antialienatório.
          Se em síntese, educação é toda atividade que corrobore com a emancipação humana, e segundo Adorno (1995, p.  141), [...] a educação deve visar formar indivíduos politicamente conscientes ou emancipados, identificar a educação como atividade política é o pressuposto para se assumir a educação como meio de emancipar o homem. Nisto reside, ao que parece, o motivo da esquiva de alguns filósofos quando se trata de discutir sobre a educação. Enfim, o grande desafio utópico do educador é, pois, o de tentar salvaguardar tanto quanto possível a Educação como prática cultural, emancipadora, ao mesmo tempo que busca eliminar seu caráter ideológico.

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