EDUCAÇÃO E SUAS RELAÇÕES
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IDEOLOGIA, EMANCIPAÇÃO E ALIENAÇÃO.
As relações
da Educação com a Ideologia são intrínsecas entre si, que a expressão “A
educação é uma prática ideológica”, costuma ser largamente utilizada. Ideologia
origina-se das palavras gregas Eidos (ideia) e Logos (discurso, estudo), sendo
pois, o estudo das ideias, no sentido de “ciência da gênese das ideias”(TRACY,
1801). Mas, um segundo sentido de ideologia, o de “ideia falsa” ou “ilusão”,
foi utilizado por Napoleão Bonaparte num discurso perante o Conselho de Estado,
em 1812. Já no livro A Ideologia Alemã (1846), Karl Marx, se referiu à
ideologia como um sistema elaborado de representações e de ideias que
correspondem à forma de consciência que os homens têm em determinada época.
Severino
(1986, p. 29-31), aponta algumas características da ideologia: ela é processo
“epistemológico e axiológico”, de “dissimulação e ocultamento”, pois ela
“envolve relações de poder – inconsciente e coletivo”. Sob esta ótica, as
relações entre a Educação e a Ideologia são pertinentes e recorrentes, pois
como atividade cultural, a educação aproxima, e como ideologia, separa.
Mas pode o
educador abolir e eliminar o caráter ideológico da educação? Não. Pois a
Ideologia manifesta-se na escola e também nos processos educacionais de
diversas maneiras. E desta forma, a escola não pode ser imunizada contra a
ideologia.
Mas é fato
que a Ideologia ainda por cima, provoca a alienação do homem. Este, uma vez
contaminado pela Ideologia, não consegue assumir a atitude reflexiva, crítica,
não se torna o educador de si mesmo e permanece objeto de manipulação daquele
que detém o poder. Dessa forma, o homem aliena-se, torna-se subordinado aos
interesses de outrem.
A informação
de um modo geral, e o aprendizado, de forma mais específica, pressupõem a alienação
e estão impregnados dos signos ideológicos, pois têm como objetivo, moldar o
indivíduo à imagem e semelhança das ideias que contribuem para a perpetuação
das classes dominantes. E neste caso, só a Filosofia, em razão da sua natureza
crítica e reflexiva, configura-se assim, como um discurso contraideológico a
antialienatório.
Se em
síntese, educação é toda atividade que corrobore com a emancipação humana, e
segundo Adorno (1995, p. 141), [...] a
educação deve visar formar indivíduos politicamente conscientes ou emancipados,
identificar a educação como atividade política é o pressuposto para se assumir
a educação como meio de emancipar o homem. Nisto reside, ao que parece, o
motivo da esquiva de alguns filósofos quando se trata de discutir sobre a
educação. Enfim, o grande desafio utópico do educador é, pois, o de tentar
salvaguardar tanto quanto possível a Educação como prática cultural,
emancipadora, ao mesmo tempo que busca eliminar seu caráter ideológico.
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